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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Manchetes que eu adoraria ter escrito

A melhor manchete sobre o caso Tirirca
Uma das melhores coisas na vida de um jornalista é escrever uma manchete capaz de despertar emoção nas pessoas e, de quebra, vender alguns milhares de jornais.

Os teóricos do jornalismo devem ser capazes de listar uma série interminável de elementos capazes de formar uma boa manchete, até teses devem ter escrito sobre isso já, mas para mim um mero peão do jornalismo são necessários apenas três elementos para construir uma manchete histórica e capaz de encher de felicidade seu redator: criatividade, bom humor e sarcasmo.

A partir disso fiz uma pequena lista das manchetes que adoraria ter escrito e, podem apostar, poder exercitar esse tipo de coisa seria uma imensa realização profissional. Chega de papo e vamos às Manchetes que eu adoraria ter escrito:

Virou piada nacional, mas só o Meia Hora deu na capa
“Virou purpurina”
 Jornal Meia Hora de Notícias/RJ, 18/03/09 sobre a morte de Clodovil

“PM mete três azeitonas em Biscoito da Mangueira”
Jornal Meia Hora de Notícias/RJ, 14/09/09 sobre ataque da PM a traficante no RJ

“Todo Paulista é virado”
Jornal Meia Hora de Notícias/SP, 19/07/10 na edição de estreia do jornal em SP

“Adeus, Gordo!”
Jornal Meia Hora de Notícias, sobre a saída de Ronaldo do Flamengo

“Que vaginão, hein!”
Jornal Hora H/SP. Sobre mulher flagrada ao tentar entrar em presídio com 2 celulares, 2 baterias, dois anéis, relógio, fone de ouvido e chip escondidos na vagina

Escândalo rendeu capa histórica

“Andréia, que time é teu?”
Jornal Meia Hora de Notícias/RJ, sobre o travesti que assumiu ter ido com Ronaldo ao motel


E rendeu mais ainda dentro


“Aumento de merda na poupança”

Jornal Notícias Populares/SP, 1983, sobre o pequeno aumento dos rendimentos da caderneta de poupança

“Família de estuprador paga a bandido para incitar o ódio aos trabalhadores na RBS-TV”
Jornal Hora do Povo/SP, 19 a 23/11/10, sobre o caso do comentarista de TV que criticou a popularização dos automóveis entre as classes C e D

“A filhinha do imundo abriu sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros”
Jornal Hora do Povo/SP, 15/09/10, sobre o caso envolvendo a filha de José Serra e a divulgação de dados do Banco Central

“Governador ladrão lança a cavalaria contra estudantes”
Jornal Hora do Povo/SP, 12/12/09, sobre confronto entre estudantes e PM em São Paulo

 “Acabou o clube do bolinha”
Jornal Extra/RJ, 01/11/10, sobre a eleição de Dilma para a Presidência da República

“RBS diz que Itapema é a praia mais cagada”
Diarinho de Santa Catarina, sobre divulgação da poluição no litoral catarinense


Outras capas que merecem destaque:




Criatividade é tudo!




terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mais um lunático na tevê brasileira

É assustador como alguns comentaristas de tevê conseguem atropelar o direito constitucional de liberdade de expressão. E mais assustador ainda - e digo isso como jornalista - é ver que gente deste naipe ainda tem amplo espaço e, o pior, apoio irrestrito das empresas nas quais trabalham (no caso específico o Grupo RBS, a mais poderosa afiliada da Rede Globo em todo o país).

Sou radicalmente contra qualquer forma de censura aos meios de comunicação, mas ao ver tais coisas penso que uma lei de imprensa capaz de punir exemplarmente alguns lunáticos não seria uma ideia tão ruim.

É por causa de gente assim que a imprensa brasileira cai cada vez mais em descrédito junto à população que, diga-se de passagem, é o motivo fundamental de sua existência.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Futebol em preto e branco

 No feriado de cara feia no qual sair de casa me pareceu a pior das alternativas, decidi sentar na frente da tevê e assistir “Todo Poderoso: O Filme – 100 anos de Timão” (BRA, 2010, Ricardo Adair e André Garolli). Ao deixar de lado as rivalidades regionais e as “birras” guardadas em minha memória futebolística e gremista, me deparei com um filme capaz de emocionar qualquer fã de futebol.

A história do Corínthians é contada com esmero desde a fundação do clube no bairro do Bom Retiro (SP) em 1910 até a Copa do Brasil de 2009 (essa uma ótima lembrança!).

Recheado de imagens do início do século XX caprichosamente editadas e costuradas com entrevistas e depoimentos de gente que escreveu a história não apenas do time, mas do futebol brasileiro, como Wladimir, Neto, Sócrates, Casagrande, Dino Sani e Ademir da Guia (ele mesmo, o Divino, maior herói do Palestra Itália) o filme conta mais do que os cem anos do Corínthians, conta também uma parte essencial do esporte mais popular do país.

Outro ponto alto do documentário é resgatar a história dos primeiros ídolos e craques corintianos e as lendas que os cercaram. É o caso de Amílcar, o primeiro corintiano a usar a camisa da Seleção Brasileira na década de 10 ou de Neco, famoso por tirar o cinto do calção (é naquele tempo os caras usavam cinta prá segurar os calções) durante um derby contra o Palmeiras na década de 20 encagaçando o juiz. E muitos outros como Baltazar, o Cabecinha de Ouro, Luizinho, Cláudio, Idário e Domingos da Guia.

A rivalidade com Palmeiras, São Paulo e Santos, também ganha destaque nos cem minutos de filme com depoimentos de adversários históricos dos alvi-negros do Parque São Jorge como Pelé, Da Guia e Raí.

Em meio a ausência de alguns depoimentos de jogadores que fizeram história com a camisa do Timão como Viola (que sequer é citado) e Rivelino (lembrado, mas não entrevistado), fica como alegoria principal depoimentos de torcedores ilustres como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jornalista Juca Kfouri e o narrador Sílvio Luiz e outros “anônimos” - fora da nação corintiana – como tia Dirce, 81 anos, que aliás dá um dos mais divertidos do filme: “Com a camisa do Corínthians ninguém me enterra. Já que vou ser cremada, me enterrem com a camisa do Palmeiras que é prá queimar tudo!”.

É a mística do futebol brasileiro em preto e branco. Valeu o feriado. 

(Abaixo, o trailler para quem quiser dar uma olhada)


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Receitas para quem tem estômago forte (2) - Sanduíche do Gordo

Num dia de chuva como hoje nada melhor do que comer e comer muito prá espantar o tédio e o frio, especialmente à noite. Então aqui vai mais uma receita básica nascida em minha mini-cozinha experimental ideal para uma noite como essa que se apresenta:

Sanduíche do Gordo

Ingredientes

2 (duas) fatias de pão de sanduíche
1 (um) bife de patinho ou de qualquer outra carne
1 (um) ovo
1 (uma) cebola pequena
2 (dois) dentes de alho
1 (uma) colher de sopa de manteiga ou margarina
 Pimenta branca ou do reino
Sal

Preparo: Tempera o bife com o sal, pitadas cuidadosas da pimenta e um dente de alho picado e deixa de lado. Corta a cebola em rodelas, junta com o outro dente de alho picado e frita tudo na frigideira até a cebola ficar quase transparente. Agora frita o bife junto com a cebola e o alho (deixa ali uns dois minutos, depois vira e deixa fritar mais dois minutos e tá pronto). Tira tudo da frigideira e reserva (isso significa colocar em um prato separado). Frita o ovo (de preferência com muito pouco óleo) e reserva também. Na mesma frigideira derrete a manteiga ou margarina (uma colher basta). Depois coloca uma fatia de pão, sobre ela o bife, as cebolas/alho e o ovo, fecha o sanduíche com a outra fatia de pão. Deixa fritar um pouco (pouca coisa, um ou dois minutos bastam) – pode prensar com a espumadeira para o suco da carne entranhar no pão -, vira o sanduíche prá fritar a outra fatia do pão. Quando estiver crocante tá pronto (não vai deixar torrar o pão!).

Feito!

Bom apetite!

(Dica do cozinheiro: Evite dormir ou fazer qualquer esforço físico por pelo menos duas horas após jantar!)

sábado, 6 de novembro de 2010

O Beatle bundão

Aos 68 anos Paul reina absoluto entre os chatos do rock
Respeitar a história do rock and roll é algo quase sagrado prá mim, mas tem certas figurinhas que não dá para aturar esse é o caso de Sir Paul McCartney, o mais bundão dos Beatles.

Em um grupo de apenas quatro caras entre os quais estava Ringo Star (hors concours em qualquer julgamento sobre sanidade mental), McCartney sempre se destacou pela chatice e pela cara de guri criado pela avó (apesar de ter sido criado pelo pai, pois perdeu a mãe ainda fedelho).

Com eterno ar de bom moço destoava completamente do grupo que tentava acompanhar um mundo em revolução nos anos 60 e se, por um lado, propôs que os Beatles fizessem Magic Mistery Tour - um belíssimo ícone do besteirol – por outro compôs Hey Jude, talvez a música mais chata de todos os tempos.

Não deve ter sido a toa que na hora de escolher quem deveria ser dado como morto no boato promocional de 69, os outros três escolheram justamente ele: Paul.

Isso sem falar que o cidadão recebeu (e aceitou!) o título de sir (*) concedido pela rainha Elisabeth. Pior, ainda, fez após do fim dos Beatles Na tentativa de entrar na “moda” nos anos 80 gravou música e clipe com o “comunista” Michael Jackson rasgando sua própria biografia musical.

A partir dos anos 90, então, passou o atestado mundial de chatice ao se declarar vegetariano e passar rodar pelo mundo pregando coisas como: “parar de comer carne ajudará a salvar o meio ambiente para as crianças do futuro” (por favor!!!!).

Agora, aos 68 anos (idade para estar em casa cuidando dos netos e dos gatos), chega ao Brasil para uma turnê caça-níquel atrás de um bom bocado de grana prá engordar ainda mais sua conta bancária e financiar campanhas tipo “Segunda sem carne”.

Tem que ter paciência!

(*) Em 1966 os Beatles receberam a medalha da Ordem do Império Britânico (MBE). Mesmo se tratando de uma alta honraria, o título de Sir é mais distinto do que o de Membro do Império, por se tratar de um título nobiliárquico de mais alto valor, equivalente a "Cavaleiro do Comandante do Império" (Knight of the Britsh Empire). Apenas Paul McCartney recebeu a distinção, no ano de 1997, por isso, é incorreto chamar os outros membros da banda de "Sir".

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Acabou-se tudo, mas algumas risadas ficarão

Passada a eleição fica uma sensação de alívio e conforto. Alívio por saber que todo o trabalho deu resultado e de conforto por ter a certeza de que o Brasil continuará em boas mãos.

Afora a campanha suja movida na grande imprensa, na internet e nos panfletos apócrifos, algumas pérolas se salvaram e podem nos ajudar a rir um pouco do que passou e, quem sabe, até ficar mais tempo em nossas memórias.

Afinal quem não riu com as participações de Weslian Roriz nos debates ao governo do Distrito Federal (DF)? Ou com as apresentações dos candidatos ao Congresso Nacional por São Paulo como Maguila, Mulher Pêra, Luciano Enéas e, claro, Tiririca - o Palhaço Campeão Nacional de Votos? Isso sem falar nas pérolas de Plínio de Arruda Sampaio autor de máximas como "Nossa candidatura será a mosca na sopa da burguesia" e "Vocês sabem agora porque José Serra é hipocondríaco. Ele só fala de saúde".

E, claro, não posso deixar de lembrar da última e mais engraçada música de campanha, o samba Bolinha de Papel. Para quem não viu, nem ouviu deixo aqui o vídeo como uma última lembrança dessa campanha que, sinceramente, já foi tarde.

sábado, 30 de outubro de 2010

O dia em que tive vergonha de minha profissão

Desconfiar, apurar, confrontar e investigar é essencial ao bom jornalismo.  Duvidar de tudo que se ouve e se lê e buscar incessantemente a verdade ou a confirmação dos fatos é básico na profissão de jornalista. Criar a notícia, formatar e manipular fatos e informações para que atendam a determinados interesses é – no mínimo – um crime ético. Mas deveria ser mais, deveria ser crime previsto no Código Penal Brasileiro.

A essência de nossa profissão está na confiança depositada nos profissionais de imprensa pelo público, seja leitor, telespectador, ouvinte ou internauta. A confiança de que não mentiremos sob hipótese alguma, de que não diremos nada mais do que a verdade e somente a verdade, sem parágrafos extras ou observações de rodapé.

Honrar essa confiança deveria ser um dever de cada jornalista espalhado pelas redações deste país. E quando falo em jornalista, incluo não apenas os repórteres (que formam a base da cadeia alimentar da imprensa), mas todos que ocupam alguma função no processo de produção de notícias, sejam repórteres, repórteres fotográficos, cinegrafistas, âncoras, produtores, locutores, redatores, editores, chefes de reportagem, etc.

Quando grandes corporações ou veículos de imprensa se desviam da função primordial que é produzir e distribuir informação verídica e de qualidade ao público, para atender seja qualquer tipo de interesse particular ou corporativo ferem de morte o pacto de confiança existente entre público e jornalistas.

E, mais: atingem, em cheio, a honra de uma profissão que desde o século passado transformou-se em símbolo da defesa dos direitos individuais e coletivos nos quatro cantos do planeta. Profissionais de jornais, rádios e emissoras de TV foram, muitas vezes e em muitos países, bravos porta-vozes da liberdade de um povo ou denunciadores ferrenhos da repressão, da violência e do desrespeito aos direitos civis.

Nesta eleição presidencial brasileira o que vi foram repetidos atentados a este pacto de confiança. Vi manipulação e omissão de informações de todos os tipos. Vi âncoras pedirem demissão diante das câmeras por não admitirem a censura impostas por seus executivos. Também percebi quando outros preferiram calar e dar suas matérias feitas sob medida sem alterar a expressão de seus rostos. Li sobre a perplexidade de profissionais experientes diante da manipulação de determinadas notícias e sobre a revolta de colegas que por uma questão de sobrevivência não podem largar seus empregos, por mais que desejem isso.

E neste sábado vi o triste pano desta trágica encenação chamada cobertura eleitoral 2010 cair da forma mais vil e baixa, que jamais poderia imaginar.

A Veja, que ocupa o status de maior revista semanal do país, estampou em seu site uma matéria comparativa dos gestos do Presidente Lula com os de Fidel Castro, tendo como pano de fundo um seminário qualquer que será realizado em Roma para tratar de posturas corporais e sei lá o que.

Mas comparar o presidente brasileiro ao ditador cubano não foi o pior ato dos autores e editores da matéria. Ao final do texto usaram um quadro (quase uma nota de rodapé) para atestar semelhanças entre Lula e Adolf Hitler, que com certeza é o mais abominável ser humano que já pisou sobre a terra.
Lula pode não ser santo, pode não ter a mãos tão limpas quando diz, pode não ser o líder tão carismático e amado quanto faz parecer, mas não pode ser comparado com Hitler sob hipótese alguma, sob ângulo algum. 

Os jornalistas que fizeram isso envergonharam toda uma categoria e deveriam se envergonhar de tamanha leviandade e falta de bom senso.

Hoje, graças a Veja, me sinto envergonhado – pela primeira vez em quase 15 anos – da profissão que escolhi.

O poder corrompe. Mas a vontade de ter poder corrompe mais ainda. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Sr. Google e o Rock Brasil (2)

Tudo era festa para os roqueiros dos anos 80

Picassos Falsos 

Os cariocas (sempre eles!), Humberto Effe (voz e violão), Gustavo Corsi (guitarra, violão e cavaquinho), Romanholli (baixo – ele também é jornalista) e Abílio Rodrigues (bateria – este é filósofo) resolveram inovar para se destacar na multidão de roqueiros dos anos 80 e – muito antes de Chico Science largar a chupeta – apostaram numa salada de ritmos regionais e rock.

Disso surgiram pérolas como Carne e Osso, Quadrinhos (fazia parte da trilha de Armação Ilimitada, lembram disso? Juba, Lula e Zelda Scott?) e O homem que não vendeu sua alma (isso que é nome de música!!)

Por onde andam: Essa é outra banda que, por mais incrível que pareça, ainda existe e tem site (www.picassosfalsos.com.br).  O último trabalho dos caras é um tributo ao rei brega Odair José (quem diria...)

Prá quem não lembra ou não sabe a coisa era assim (detalhe para um dos itens básicos do figurino da época para roqueiros, a bermuda de calça jeans cortada, desfiada e rasgada, quem não teve uma pelo menos atire a primeira pedra!!)


O sr. Google e o rock Brasil

Abençoado seja o Sr. Google!

Graças a ele é possível dar uma força extra para a memória e “lembrar” de gente e coisas que marcaram a nossas vidas, mas acabaram perdidas nas brumas do tempo.

Sem muito o que fazer – isso tem sido uma constante irritante nas últimas semanas – decidi revirar minhas gavetas cerebrais atrás de lembranças do rock brasileiro dos anos 80.

Afinal de contas foi nessa época que tudo aconteceu em termos de rock na nação tupiniquim (de lá prá cá nada mereceu registro nos meu alfarrábio mental).

Mas convenhamos que lembrar de Legião Urbana, Titãs, Ultraje a Rigor, RPM, Paralamas do Sucesso e Kid Abelha é fácil. E, em tempos de ócio total, facilidade não me interessa, por isso resolvi ir mais fundo e explorar pérolas perdidas como Hojerizah, Zero, Picassos Falsos, Metrô, Gang 90 e as Absurdetes e Joe Euthanázia.

Prá que não conhece ou como eu, havia deletado os registros dessa turma, aqui vai um pouco do que encontrei.

(Agradeçam ao Sr. Google quando o encontrarem)

Nota de rodapé: A partir de 1982 a Rádio Fluminense FM, conhecida como "Maldita", criou uma nova linguagem de locução nas FMs e pariu a Era da Rádio Rock.
Graças a isso o terreno tornou-se fértil para o que chamo de Big Bang do rock brasileiro e para o surgimento de pérolas como:

Hojerizah 

A banda carioca formada por Toni Platão (vocais), Flávio Murrah (guitarra), Marcelo Larrosa (baixo) e Álvaro Albuquerque (bateria) queria ser uma espécie de Echo & The Bunnymen brasileiro, com vocais graves e letras (na época ditas de vanguarda, mas hoje visivelmente sem pé nem cabeça). O grupo gravou dois discos e emplacou sucesso como “sucessos” como Pros que estão em Casa, que trazia versos antológicos como:

“Até bem cedo
Esperei pelo telefonema
Tapando com peneira
O sol que vai nascendo

Não vou tomar café
Nem escovar os dentes
Vou de aguardente
Como o sol que queima a praça (...)”

Por onde anda? Por mais incrível que pareça a Hojerizah ainda existe e tem até site (capenga, mas tem): http://www.hojerizah.com.br  

Prá matar a saudade (de quem tem, claro! Ah...não deixa de prestar a atenção nos olhos do guitarrista! Travado? Assustado? Façam seus palpites.): 


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Histórias de Redação (2)

Tinha um repórter no muro

Nos anos 80, assaltos com reféns eram coisa de grandes capitais, mas em Pelotas um caso foi registrado e entrou tanto para as estatísticas policiais como para o folclore do jornalismo da cidade.

Numa determinada manhã de sábado três caras sem nada para fazer resolveram assaltar uma casa no centro e se depararam com a família chegando com as compras do supermercado. Tava feita a merda. Todo mundo trancado dentro de casa com os bandidos, um vizinho chamou a Brigada Militar. Pronto, o circo estava armado: casa cercada, imprensa na rua, população apavorada.

As horas se passavam e nada. Foi então que um experiente (talvez o melhor de todos até hoje) repórter policial resolveu conversar com um vizinho da casa sitiada e juntamente com um repórter de TV conseguiu acesso ao quintal da casa. Sem pestanejar subiu no muro para tentar ver o que acontecia na casa das vítimas, nisso deparou-se com um dos seqüestradores mijando no quintal.

Repórter e bandido se deram de cada um com o outro. No susto o repórter caiu, enquanto o bandido entrava dentro da casa aos berros: “tem um cara no muro! vou matar todo mundo! vou matar todo mundo!”.

O assaltante não cumpriu a promessa, mas o repórter recebeu uma bronca e tanto da polícia e foi proibido de se aproximar da casa até o desfecho do caso. No fim, tudo acabou bem com a libertação dos reféns e a prisão dos assaltantes. Mas a história ficou. 

Sugestões de pautas para Finados

Cobertura de Finados é sempre, ou quase sempre, a mesma coisa: movimento nos cemitérios, venda de flores, a dor da perda, túmulos famosos. E era isso. Mas como tudo nessa vida, sempre há como dar uma melhorada no material e surpreender o público com algo diferente.

É por isso que tomo a liberdade de sugerir algumas pautas que podem dar uma cor diferente ao dia. Vamos a elas:

Finados na Zona Rural – Nas zonas rurais o Finados é mais do que um dia para reverenciar o antepassados, é um dia de reencontro. Como é grande o número de pessoas, especialmente de jovens, que trocaram o campo pela cidade, é comum que a data seja usada para voltar às origens e reencontrar amigos e parentes. No interior de Pelotas e cidades vizinhas as colônias costumam receber centenas de ex-moradores nessa data. Por conta disso o dia, além de visitas aos cemitérios, costuma ser marcado por grandes almoços de família.

Finados na fé ProtestanteOs Protestantes observam o dia de Finados para lembrar das coisas boas que os antepassados deixaram, como o legado de um caráter idôneo, por exemplo. Mas acreditam que as pessoas precisam ser cuidadas, unicamente, enquanto estão vivas. Isso pode servir para inverter a pauta e falar da importância de se cuidar dos vivos e de viver bem.

Trabalho extra – Quem já cobriu feriado de Finados sabe que os cemitérios ficam cheios de trabalhadores avulsos (os famosos biscateiros) em busca de algum trabalho de limpeza ou capina. Para alguns o dia – e os dias que o antecedem – pode representar uma renda expressiva. Contar histórias destes trabalhadores pode render uma matéria fora do lugar comum da data e ainda servir de pano de fundo para o serviço tradicional da data (horários, missas, preços de flores, etc).

Feriado? Não para os padres Não há dia de Finados sem missa. E, geralmente, acontecem dezenas de missas ao longo do dia. Assim ao contrário do que acontece para a maioria das pessoas, para os padres o dia não tem nada de feriado. Então, porque não contar como funciona a rotina dos religiosos nesse dia (como é a jornada de trabalho? Quantas missas costumam rezar? Quem é o recordista de celebrações da Diocese, alguém sabe? Que tipo de sermão se faz num dia como esse? Como prepará-lo?) Como a Diocese se organiza para dar conta de tudo (chama reforço das paróquias?)? Além das missas quais são as outras tarefas dos padres nesse dia tão difícil para muitas pessoas? E: como eles encaram o dia? Acredito que esse pode ser um jeito de falar da data apresentando uma realidade desconhecida da maior parte das pessoas.

Buenas, eram essas as minhas dicas. Até mais!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Histórias de Redação (1)

A repórter e o cachorro

Entre uma cerveja e outra (ô raça que gosta duma gelada, essa) fotógrafo do Diário Popular lembra do caso de uma repórter apaixonada por cães e que por dias a fio explicitou o desejo de encontrar um “marido” para sua datschung(vulgo, salsicha).
Determinado dia, em meio a uma entrevista feita na avenida Duque de Caxias avistou do outro lado da rua um homem que passeava com um salsicha. Sem pestanejar, deixou o entrevistado falando sozinho e correu em direção ao cidadão para saber o sexo do animal e se poderia emprestá-lo para cruzar com a sua cachorrinha.
Instantes depois retornou e retomou a entrevista como se nada tivesse acontecido para perplexidade de fotógrafo e fonte.
(Tem cada um nessa vida!)

Coió, não!

Num dia daqueles prá lá de confuso repórter ansioso para marcar uma viagem para a Ilha da Feitoria (Pelotas/RS) tenta insistentemente falar com um dos quatro únicos moradores do local que o levará de barco até lá.
No final da tarde consegue a ligação e lasca, em alto e bom som:
- Alô! É o Coió?  O Coió que mora na Feitoria? _ pergunta.
- Coió? Coió, não! Aqui é o Cocó! _ responde indignado o pescador.
- Ahhh...tá..Cocó, desculpa troquei o apelido... _ retruca o repórter sem graça, enquanto a redação explode em gargalhadas às suas costas.

De jornalista para jornalistas

A partir de hoje o Casa da Pauta virou Casa de Pauta e passará a contar com um conteúdo exclusivo para jornalistas e estudantes de jornalismo.

A ideia é fazer um apanhado geral de tudo o que pode interessar como sugestões de pautas, dicas de fontes, de livros, filmes e o escambau. A intenção é temperar tudo isso com as histórias acumuladas por quem se dedica a essa profissão que sacrifica nossa vida, mas nos completa como nenhuma outra.

Espero que gostem do resultado.

Álvaro Guimarães

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Receitas para estômago forte

Mudar o estado civil de casado para solteiro implica – entre outras coisas – em passar a encarar o fogão diariamente. Eu que desde a adolescência aprendi a me defender quando o assunto era “não passar fome” sempre mantive um pé fincado na cozinha e, agora, tenho até me divertido entre panelas e frigideiras. Daí surgiu a ideia de compartilhar com os leitores do blog minhas receitas preferidas.

Prá começar, o prato da noite segunda-feira: Hambúrger “Estômago Valente” e Arroz “Irlandês” (que é prá tentar dar uma carinha de comida saudável a combinação)
Como ensinou minha avó, vamos aos ingredientes:

Hamburger “Estômago Valente”

2 (dois) hamburgeres congelados (destes prontos de qualquer marca)
1 cebola (picada ou cortada em rodelas, tanto faz, eu prefiro em rodelas)
1 lata de ervilhas (é opcional, se não tiver não esquenta que fica bom igual)
1 ovo
1 colher de sopa de manteiga
Molho Shoyu
Pimenta branca em pó
Sal
Preparo: Derrete a manteiga numa frigideira, larga a cebola por cima e deixa fritar até ficar quase transparente. Bota um pouco de pimenta branca (pega leve prá não se arrepender depois). Joga os hambúrgueres em cima da cebola e deixa fritar virando depois de uns 2 minutos cada um. Rega com o molho Shoyu até cobrir parcialmente tudo. Deixa ferver um pouco. (Se tiver ervilha coloca por cima e deixa cozinhar). Coloca o ovo por cima de tudo, coloca um pouco de sal, baixa o fogo e deixa fritar devagar. Tá pronto!

Arroz “Irlandês”

1 xícara de arroz
1 lata de seleta de legumes
1 cebola pequena picada
Azeite ou óleo
Sal
Água
Preparo: Cobre o fundo da panela com um pouco de óleo ou azeite, deixa esquentar. Joga a cebola prá dentro e deixa fritar um pouco. Coloca o arroz e mistura tudo. Coloca sal a gosto. Mistura a seleta de legumes (sem o caldo da conserva). Acrescenta duas xícaras de água e deixa cozinhar em fogo baixo até o arroz estar pronto. Deu! Era isso.

Bom apetite!

(Os corajosos que experimentarem me digam o que acharam, por favor!)

Piadas para jornalistas

 Passar uma temporada no buraco a espera da cápsula salvadora dá nisso. Em um final de uma tarde de ócio angustiante me deparei com uma comédia capaz de fazer qualquer jornalista chorar de rir – pelo menos aqueles que têm senso crítico e bom humor para encarar as agruras da profissão – é The Onion – Loucos pela Notícia (EUA, 2008, direção de Tom Kuntz e Mike Maguire), em exibição na rede Telecine.

O filme apresenta a história do âncora de telejornal, Norm Archer, um jornalista típico cheio de princípios que se vê as voltas com as pilantragens corporativas inventadas pelos executivos da emissora na qual trabalha e que, obviamente, só têm um interesse: faturar cada vez mais.

O enredo, no entanto, é apenas o pano de fundo para o filme passado todo entre uma e outra apresentação do telejornal mais popular da América (o nosso JN). As sátiras das notícias são o prato principal e mais atraente do filme. É impossível não fazer comparações com que estamos acostumados a ver (e muitas vezes produzir e apresentar) nos telejornais de verdade.

Como toda sátira exagerada The Onion é recheado de piadas prá lá de politicamente incorretas, como a história de superação do jogador de hóquei sobre o gelo sem pés e mãos e que superou todas as dificuldades se tornou profissional ou as paródias de rap e outros gêneros da música norte-americana.

Recomendo para jornalistas cansados do dia-a-dia da profissão e dispostos a rir um pouco da própria rotina e, também, para aqueles que ainda têm alguma esperança de estarem a serviço de algo maior que o lucro das empresas para as quais trabalham.

Site e rádio

Na busca por referências do filme encontrei outras que tornam as coisas mais interessantes ainda. Descobri que The Onion é na verdade um site, um telejornal e um rádio jornal de notícias fakes de grande sucesso nos EUA. E que o filme é uma adaptação sua para o cinema.

Para os bons na língua do Tio Sam aí vai o link do site: http://www.theonion.com/

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Janis nua e crua


Janis encanta quando canta e te faz morrer de rir quando fala


Noite dessas sentado na frente da tevê vi um documentário biográfico sobre Janis Joplin (Janis – 1975, direção: Howard Alk e Seaton Findlay. 97 min) que devia estar perdido em algum arquivo do Telecine Cult. E o que vi me surpreendeu.

Quando nasci, no abençoado ano de 1972, as cinzas de Janis (1943-1970) já haviam sumido no Oceano Pacífico. Cresci ouvindo seu choramingo rodar no três em um de meus pais e até o final da adolescência pouco entendi o que ela realmente representava. Após meus 20 anos tornou-se apenas uma referência para os dias mais melancólicos.

Não que duvidasse do talento da “rainha branca” do blues, pelo contrário. Mas o filme possibilita ter uma nova perspectiva sobre Janis ao mostrá-la despida da mística do palco (claro também há belas cenas de shows), mas o mais legal é poder ver que essa lenda da música era na verdade uma mulher (pouco mais que uma adolescente) desbocada, debochada, bem humorada e prá lá de “viajandona” (isso até era de esperar).

As cenas de estúdio e o reencontro de Janis com seus colegas de segundo grau são momentos impagáveis do documentário, que ao terminar é capaz de deixar qualquer marmanjo apaixonado por aquela mulherzinha  esquisita, mas encantadora.

Prá quem curte fica a dica: sábado, 23/10 às 20h10 em vez do Horário Político, bote no Telecine Cult e curta a reapresentação do documentário, que para os notívagos será exibido na sexta-feira, 22/10, às 5h30.
Vale a pena e, ao contrário do que alguns podem pensar, não há clima de deprê no filme.

P.S – Quem for ver não pode deixar de prestar atenção no que acontece em volta de Janis na última cena na qual ela canta “Piece of heart” em Frankfurt. Sensacional! Aquele era o clima da época...divertidíssimo! 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Tem que ter coragem

PCB tenta manter viva a chama do esporte amador em Pelotas,
enquanto trabalha para fazer os jovens trocarem as ruas pela quadra

A menos de 24 horas para a estreia do Pelotas Basketball Club (PBC) no Campeonato Sul-Brasileiro a equipe (a única de Porto Alegre prá baixa convidada para a competição) ainda não sabe sequer como chegará em Caxias do Sul e como os atletas irão se alimentar durante os três dias de torneio.

Desorganização? Não! Falta de apoio! Falta total e completa de apoio seja de empresas, seja da prefeitura, seja de qualquer instituição existente em Pelotas.

Nesta quarta-feira, ao invés de treinar exaustivamente seu time, o professor Carlos Alex Soares – que bate escanteio e corre prá cabecear – deve passar o dia a caça de investidores capazes de bancar os R$ 7 mil necessária para levar e manter os jogadores em Caxias do Sul.

Sinceramente, não entendo como em uma comunidade que estufa o peito para falar orgulhosamente de sua tradição esportiva marcada principalmente pelos seus três times de futebol (é são três, sim. Tem o Farroupilha, também) e pelos talentos revelados nas quadras de futsal não há sequer um, apenas um, empresário ou mecenas do esporte disposto a bancar um projeto como o PBC.

Se fosse o Pelotas ou o Brasil-Pe a disputar um torneio Sul-Brasileiro (o que era mais ou menos a Copa Sul Minas, lembram?) haveria uma espécie de comoção geral na comunidade com matérias de página inteira nos jornais, cobertura das rádios, mobilização de empresários para ajudar financeiramente e um sentimento de orgulho da torcida da casa.

Mas como é apenas um time de basquete, formado por jovens da cidade e tocado por um abnegado professor de Educação Física, o sentimento é de total indiferença de quase todo mundo.

Prá quem não sabe o PBC existe desde 2005 com o objetivo de manter adolescentes longes das ruas através do basquete. O principal propósito do projeto é social e educacional. E participar de campeonatos oficiais estaduais e nacionais é uma forma de incentivar os jovens a aderirem ao esporte.

É uma espécie de “E aí porque não vem jogar conosco? Você pode ser visto e ter um grande futuro no esporte. Larga essa vida de vagabundagem e vem jogar basquete”.

E, com todas as intempéries o PBC já conseguiu formar e lançar alguns jogadores. É, é isso mesmo. O pivô Douglas Kurz é um deles. Começou no PBC e hoje está no Rainbow Warrior da Universidade de Honolulu, no Hawaii (EUA). No final da temporada, Kurz participa do draft da NBA podendo se tornar o primeiro gaúcho a jogar a mais importante liga profissional de basquete do mundo.

Além de Kurz, que pode ser considerada a “estrela da companhia”, ainda há outros espalhados em times do RS, SC e SP. 

Diante de tanto trabalho realizado em apenas cinco anos e do mísero apoio recebido não tem como não concluir que, realmente, é preciso muita coragem para se dedicar ao esporte amador. Coragem e uma paciência de Buda.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Serra esconde Yeda. Por que será?

Eles eram assim, bons amigos. Agora, Serra parece não conhecer Yeda

Desde o primeiro turno, quando nada estava decidido no Rio Grande do Sul, o candidato do PSDB, José Serra já fazia questão de esconder sua companheira de longa data e correligionária, Yeda Crusius.
Foi assim nas visitas a POA, quando aparecia ao lado do presidente estadual do partido, deputado federal Cláudio Diaz , mas evitava posar com a governadora, tida até dois anos atrás como uma das “musas” da administração tucana no Brasil . Agora com Yeda pronta a apagar as luzes de seu governo, Serra sequer lembra de sua existência.
Por que será?
Puxando um pouco pela memória lembrei de alguns possíveis motivos, vejam se concordam ou lembram de mais algum:
1)      A fraude no Detran-RS
2)     O escândalo do desvio de dinheiro para compra de sua casa em POA (quem lembra do Lair Ferst?)
3)     As brigas com o vice-governador Paulo Feijó (DEM)
4)     As denúncias de corrupção feitas pelo próprio Feijó
5)     A fraude no Banrisul
6)     A crise institucional na Secretaria de Segurança
7)     A insatisfação generalizada dos servidores públicos estaduais
8)     A obra inacabada da estrada Rio Grande-Cassino
9)     O risco de intervenção do Estado por não pagamento de R$ 25 milhões em precatórios
Alguém lembra de mais algum motivo para Serra esconder sua amiga Yeda? Aceito sugestões.