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domingo, 21 de agosto de 2011

Desinformação esportiva na tevê

João Sorrisão: o maior símbolo da imbecilidade
do telejornalismo esportivo brasileiro atual. 
Não é de hoje que o jornalismo esportivo da televisão brasileira ganhou ares de baboseira e desinformação. Desde que Régis Rösing inventou, nos anos 90, aquele formato de matéria imbecilizado metido a engraçadinho e no qual a piada tem mais valor que a informação a coisa degringolou geral. 

A promoção de Rösing para a TV Globo contaminou o maior departamento de telejornalismo esportivo do país e espalhou o vírus do besteirol por redações de norte a sul. Para quem gosta de esporte e, por conseqüência de informações corretas e sérias foi o fim da história.

Neste final de semana tive o desprazer de ver mais um exemplo do desapego à informação que corroi o telejornalismo esportivo, especialmente no Rio Grande do Sul. Foi no quadro Bola Fora da edição regionalizada do Globo Esporte apresentada por Duda Garbi, que apesar do apelido feminino trata-se de um sujeito barbudo.

Durante intermináveis três minutos o dito repórter fez uma pseudo-matéria com o jovem meio-campo do Inter, João Paulo escolhido para estrelar um editorial de moda do caderno Kzuca de Zero Hora. A “matéria” televisiva foi um apanhado de asneiras recheada de insinuações de que o jogador e a repórter de ZH, que o entrevistava, estariam se paquerando. Ao final do lamentável quadro o espectador interessado em notícias esportivas se pergunta: “Tá e daí?”.

Daí? Daí é isso. Hoje o telejornalismo esportivo brasileiro infelizmente se limita a esse tipo de coisa sem pé nem cabeça, sem qualidade e, principalmente, sem qualquer informação relevante.

Não é a toa que sites de notícias esportivas surgem a todo instante e em pouco tempo ostentam milhões de acessos diários, pois a internet se transformou no porto seguro dos fãs do esporte que querem ter acesso a notícias de verdade sobre os assuntos que interessam.

Em 1997, Rösing já começava a fazer escola no telejornalismo esportivo de besteirol. Confira:




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Jornalismo com os dias contados na tevê brasileira

Para lembrar o 11 de agosto,que para mim sempre foi o Dia do Advogado, mas que agora foi lembrado como o Dia da TV por ser dia de Santa Clara, padroeira da televisão (*) , o portal Comunique-se ouviu vários especialistas e comunicadores sobre o futuro desse meio de comunicação.

A matéria, razoavelmente interessante, traz contudo uma previsão que me soa, no mínimo assustadora:  a dramaturgia e o jornalismo mais solto serão a essência entre os canais.

Com relação às novelas não tenho nada que falar, afinal de contas, entretenimento é a alma da tevê.
Mas quando o assunto é jornalismo, não sei por que, me sinto diretamente atingido e é aí que reside minha inconformidade diante da opinião dos especialistas ouvidos pelo Comunique-se.

Dizem os entrevistados que: “o jornalismo permanecerá vivo na televisão brasileira, mas com mudanças no jeito de transmitir. (...) Para o jornalismo ter sucesso na TV, o segredo parece ser mesmo a entrada de apresentadores interagindo com o público e a uso de uma linguagem de melhor entendimento para o grande público”.

Buenas, a partir daqui passo a fazer minhas considerações.

Apesar de ter minhas implicâncias com apresentadores que ficam caminhando de um lado para outro pelo estúdio, de tablets na mão (sem saber exatamente para que serve aquilo) até entendo que isso seja uma “tendência” da tevê moderna que precisa ser mais dinâmica para competir com o apelo visual da internet, mas o que não consigo admitir é o “uso de uma linguagem de melhor entendimento para o grande público”.

Vamos falar sério!

Não é de hoje que o telejornalismo tem uma das mais pobres linguagens entre todos os meios existentes, simplificar essa linguagem é idiotizar o telespectador, nivelar a qualidade por baixo e, principalmente, abdicar da função social do jornalismo de auxiliar no desenvolvimento cultural e intelectual da sociedade.

E o mais irritante disso é ver alguns especialistas em mídia defenderem que “a comunicação mais conversada, mais solta. E isso não tirará a credibilidade dos telejornais”. Tudo bem que os apresentadores não precisam ficar emparedados atrás de suas bancadas, mas ficar batendo papo furado com o telespectador já é menosprezar demais tanto a quem assiste, como os profissionais de imprensa.

Jornalista tem que bater papo em boteco, no cafezinho da redação, com o taxista ou com os vizinhos, mas não com quem está na frente da tevê a espera de informações qualificadas que possam melhorar sua vida ou mostrar o que está acontecendo no mundo à sua volta.

Por essas e outras não me espanto quando vejo a dificuldade em garantir a volta da exigência do diploma para quem exercer o jornalismo.

(*) Santa Clara de Assis (em italiano, Santa Chiara d'Assisi) nascida como Chiara d'Offreducci em Assis (Itália), no dia 16 de Julho de 1194, e falecida em Assis, no dia 11 de Agosto de 1253, foi a fundadora do ramo feminino da Ordem Franciscana. Um ano antes de sua morte em 1253, Santa Clara assistiu a Celebração da Eucaristia sem precisar sair do seu leito. Neste sentido é que é aclamada como protetora da televisão.
(Fonte: Wikipédia)

Qual é o Fim da história?

O fim da história está no ruir do sistema econômico e financeiro mundial

Dias e noites de inverno com pouca coisa para fazer são um incentivo a devaneios analíticos sobre a vida e o mundo. Como se debruçar sobre a própria vida pode ser um tanto desconfortável, prefiro me dedicar a encontrar soluções para os problemas do mundo, que são mais fáceis de resolver e não dão tanta dor de cabeça.

Assim parei a pensar no que Francis Fukuyama tratou como o fim da história. No livro O Fim da História e o Último Homem (Editora Rocco, 1992) Fukuyama apontou a democracia liberal ocidental como o sistema triunfante e definitivo na história da humanidade.

Obviamente, discordo. E foi pensando sobre porque discordar disso que me ocorreu o seguinte: a democracia liberal ocidental baseada no sistema financeiro, no livre mercado e na economia globalizada não é o último, mas o penúltimo passo na história da humanidade como a conhecemos. Hoje vivemos em um mundo controlado pelo dinheiro, no qual cifras virtuais pautam a vida das pessoas e das nações. Mas se pararmos para pensar tudo não passa de uma ilusão criada por um sistema econômico baseado em teorias complexas e sem qualquer finalidade prática que não seja o acúmulo de mais dinheiro por parte dos controladores do sistema.

Exemplo: ao deixar de pagar a fatura do cartão de crédito por 90 dias o valor irá no mínimo triplicar por causa dos juros. Estes juros, todavia, são virtuais, pois superam em muito o valor das mercadorias e bens adquiridos, ou seja, é uma dívida irreal. É irreal, mas afeta nossas vidas diretamente à medida que sofremos com as restrições de obter mais crédito. Crédito que, aliás, também é virtual, pois na verdade não temos aquele dinheiro que as operadoras de cartões de crédito e bancos dizem que temos. E isso também acontece em escala global. Ou seja, vivemos sob um sistema baseado num dinheiro que na verdade não existe, mas que acaba por gerar cifras virtuais e milionárias para seus gerenciadores.

A partir disso creio, fielmente, que haverá uma Terceira Guerra Mundial, mas não bélica como as anteriores e sim financeira. A falência geral do sistema econômico vigente representará a derrocada geral da humanidade. Mas como já estamos há milhões de anos sobre a Terra e sobrevivemos a catástrofes de toda a espécie, invasões, guerras e pestes, vamos certamente sobreviver a isso também.

Após isso acredito que daremos o definitivo e – talvez – último passo de nossa história evolutiva como sociedade voltando ao que realmente é real: a vida nas nossas comunidades.

Imagino que a reorganização social na forma de cidades-estado, tal qual na antiga Grécia será a última e definitiva forma de sociedade experimentada por nossa espécie. Afinal de contas é a vida que levamos no lugar onde habitamos que realmente conta e importa. Se tivermos acesso à comida, água, serviços básicos e algum conforto, o que importam os rumos da economia mundial? Qual a importância dos juros virtuais dos cartões de crédito se tivermos meios concretos de adquirir alimentos, roupas e o que mais precisamos para sobreviver?

Experimentaremos e inventaremos novos meios de produção e organização social - certamente mais justo que os existentes hoje – e poderemos gerenciar os assuntos que influenciam diretamente na nossa vida e das pessoas que nos cercam, sem nos preocupar com o que acontece fora de nossa comunidade.

É óbvio que nem tudo é tão simples e que muitas perguntas ainda precisam ser respondidas com relação a essa “visão de futuro’, mas em uma noite fria me pareceu um bom início de conversa. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um bom amigo chamado Galeano

Trilogia resgata a história da América
desde antes de Colombo até o século XX

Não é de hoje que tenho Eduardo Galeano na conta de um bom companheiro, mas especialmente nesse inverno no qual os noticiários estão monopolizados pela crônica diária sobre a nova crise financeira mundial ou o “quase calote” norte-americano, sua companhia surge não apenas como um meio de aliviar a cabeça, mas também como uma espécie de consciência inconsciente a respeito de como chegamos até aqui e, mais ainda, porque estamos aqui.

Reler a trilogia Memória do Fogo, beirando os 40 anos e com 15 anos de jornalismo nas costas é muito mais interessante do que devorá-la em meio aos arroubos juvenis dos vinte e poucos anos.

A vivência e a experiência acumulada – e soma-se a isso tudo aquilo que foi lido, ouvido e visto nessa profissão infernal e apaixonante – são capazes de mudar radicalmente as impressões e interpretações das curtas crônicas assinadas por esse maestro castelhano.

Ver a história da América esmiuçada e destrinchada com tamanha sagacidade é além de um grande prazer, uma grande ajuda para entender o mundo do século XXI e, de certa forma, encontrar respostas para o que vivenciamos.

Gracias, viejo.

A quem interessar possa: 

trilogia Memória do Fogo - Eduardo Galeano, 1985

Capítulo 1 - Os Nascimentos (séculos XV, XVI e XVII)
Capítulo 2 - As Caras e as Máscaras (séculos XVII e XIX)
Capítulo 3 - O Século do Vento (século XX)

Na livraria Mundial, em Pelotas, cada exemplar da edição feita pela L&PM Pocket sai por R$ 22. Com certeza vale o investimento.