Chinesinho comemorando o título paulista de 1959 |
O mais triste nisso, porém, não é o fato de sua morte representar o fim da história de um craque que fez a alegria de milhares de torcedores ao redor do planeta, mas sim o fato como esse ídolo passou os últimos anos de sua vida: praticamente esquecido.
Com sérios problemas de saúde, o ex-craque - que também vestiu a camisa do Inter nos anos 50 - minguou em sua casa na praia do Cassino, a sombra de seu passado glorioso nos campos e a margem da riqueza e grandiosidade dos clubes que defendeu.
O fim dos contratos assinados com Inter, Palmeiras e Juventus (ITA) encerrou o vínculo trabalhista do jogador com os clubes, mas não poderia ter apagado a dívida de respeito e gratidão por tantas alegrias dadas.
Ao contrário de seus colegas do século XXI, Chinesinho não ficou rico com o futebol. Mas isso não fez com que recebesse amparo dos três grandes clubes que defendeu, quando ficou doente, afinal de contas, o que interessa no mundo do futebol moderno são “as obrigações contratuais” e entre Chinesinho, Inter, Palmeiras e Juventus não havia mais nenhuma.
A história do meia rio-grandino, infelizmente, não é a única do tipo. Em Curitiba, o ex-atacante Washington (aquele que fazia dupla com Assis, no Fluminense dos anos 80) pena para pagar os custos do tratamento de uma doença degenerativa que afeta os movimentos e o sistema respiratório. Não encontrei registros de que o Clube das Laranjeiras (Campeão Brasileiro de 2010) tenha oferecido alguma ajuda. Em São Paulo, o uruguaio Pedro Rocha, ídolo são-paulino na década de 70, recorre ao Sistema Único de Saúde para custear o tratamento de um AVC.
Apesar disso, o São Paulo, ainda é um bom exemplo no que diz respeito ao amparo de craques. Durante 20 anos o clube do Morumbi pagou a internação e o tratamento de Leônidas da Silva, o Diamante Negro (para quem não sabe o chocolate tem esse nome por causa desse cara), craque tanto do time como de milhões de brasileiro que o viram inventar a famosa “bicicleta” e ser artilheiro da Copa do Mundo de 1938. Leônidas sofria de Alzheimer e morreu em 2004 numa clínica particular paga pelo São Paulo.
Como Chinesinho, há dezenas de craques do passado empobrecidos, doentes e esquecidos pelas agremiações que defenderam e - que de certa forma - ajudaram a se transformar nas corporações milionárias que são hoje. Estes multimilionários clubes têm uma dívida de honra com esses caras, que garantiram títulos e momentos dignos de serem lembrados para sempre.
Como Chinesinho, há dezenas de craques do passado empobrecidos, doentes e esquecidos pelas agremiações que defenderam e - que de certa forma - ajudaram a se transformar nas corporações milionárias que são hoje. Estes multimilionários clubes têm uma dívida de honra com esses caras, que garantiram títulos e momentos dignos de serem lembrados para sempre.
E nós, reles torcedores, temos o dever de cobrar que nossos times tenham um cuidado especial com os craques do passado, afinal de contas eles são culpados pela devoção que temos por nossas camisas.