Em 2003 o "patrão" ainda tinha bigode e cara de mau |
A funesta – mas necessária - tarefa de reeditar e publicar um obituário feito meses (ou talvez anos atrás) foi parte da rotina em redações de norte a sul do Brasil nesta terça-feira com a morte do ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011).
Desde a confirmação de sua morte no início da tarde, li dezenas de artigos e retrospectivas de sua vida publicados em sites de todos os tipos e cantos. Mas uma coisa, em particular, me chamou a atenção: nenhum dos obituários feitos ou requentados lembrou que, em 2002, antes de ser escolhido para integrar a chapa ao lado de Lula o então senador José Alencar se apresentava à população como “o patrão que o Brasil precisa”.
Eu ainda lembro da propaganda do Partido Liberal (PL) com imagens e dados das fábricas e trabalhadores do grupo Coteminas (uma das maiores indústrias têxteis do mundo, pertencente a Alencar), tido como exemplo na relação empregador-trabalhador e que terminava com um José Alencar de capacete de operário e sorridente enquanto o locutor anunciava com voz empostada: “José Alencar. É o patrão que o Brasil precisa”.
O sujeito não queria ser presidente, queria ser o patrão do país! No mínimo irônico para quem acabou sendo o vice de um operário.
Mas fazer o quê? Os obituaristas (alguns jornais ainda os mantém, sim!!) preferiram não lembrar disso, afinal de contas o que interessa é a luta de Alencar contra o câncer, sua participação quase nula nos dois governos do Presidente Lula e blá, blá. blá...