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segunda-feira, 6 de maio de 2013

O cinema americano do Oscar 2013


A agente Maya  (Jessica Chastain) de "A Hora Mais Escura" - responsável por encontrar Bin Laden -
em uma cena na qual a fotografia fala por sí só
Sei que pode parecer mais uma “Teoria da Conspiração” e, há grande chance disso ser verdade, mas nas últimas semanas tenho me dedicado a assistir aos principais filmes de 2012, ou seja, aqueles que estiveram na lista dos cotados para levar um Oscar em 2013 e é impossível não prestar a atenção na mensagem subliminar contida em todos eles: os EUA são “foda” e os inimigos de seus ideais (seja quem for) estão destinados a desgraça e ao inferno.

Não é de hoje que os Estados Unidos investem pesado no cinema como ferramenta de formação da opinião pública.

Nos anos 40, filmes como “O Grande Ditador”, estrelado por Charles Chaplin (1940), além de “Sargento York” (1941), “Rosa de Esperança” (1942) e “Air Force” (1944) todos vencedores ou indicados ao Oscar em alguma categoria, em seus respectivos anos, são provas de como os EUA usaram o cinema para mobilizar, emocionar ou convencer sua população sobre a importância da participar da Segunda Guerra Mundial. Isso sem falar na animação “Los Tres Caballeros” (1944), dos estúdios Disney estrelado pelo Pato Donald, Zé Carioca e Panchito (um galo mexicano), que descaradamente pregava a amizade entre os países da liga Pan-Americana, em um período que os EUA precisavam desesperadamente de aliados capazes de abastecer suas tropas que lutavam na Europa.

E em 2013, qual a surpresa? Figuram na lista dos vencedores ou indicados ao Oscar produções como Lincoln, Argo e A Hora Mais Escura (que acabei de assistir). Coincidência ou não, os dois últimos abordam diferentes momentos da luta norte-americana contra os árabes, nos quais ao final os “mocinhos” (americanos) vencem com glória e honra. Enquanto o primeiro conta a história de um ícone norte-americano, o presidente Abraham Lincoln que aboliu a escravatura e venceu a guerra civil que dividiu o país.

Mas afinal de contas, de onde advém minha teoria da conspiração?

Bin Laden: a personificação do mal pelo olhar contemporâneo do  cinema dos EUA
Simples: Em tempos nos quais a política externa e a imprensa norte-americana fazem questão de deixar às claras o aumento da tensão com os países do “Eixo do Mal”, no qual se inclui o Irã, produções premiadas destacam a vitória norte-americana sobre os rrabes. Tanto em “Argo” como em “A Hora Mais Escura” a inteligência personalizada pela CIA vencem a força bruta árabe.

No primeiro, a malícia em montar uma falsa produção cinematográfica ajuda a libertar sete diplomatas que escaparam da embaixada norte-americana invadida pelos revolucionários islâmicos. Apesar ser um bom filme de suspense capaz de prender a atenção do espectador, não faltam cenas dedicadas a mostrar os revolucionários iranianos como sádicos - que promovem enforcamentos públicos – ou fanáticos que colocam rifles automáticos nas mãos de mulheres e crianças.

Já em “A Hora Mais Escura” as torturas promovidas pela CIA em campos secretos, são justificadas com a insistência e mostrar atentados terroristas ocorridos na Europa e nos EUA durante o pós-11/09/2001.

Nem mesmo a cena que mostra a reunião de agentes com um dos diretores da CIA na qual ele dispara que: “Temos os nomes de 20 líderes. Só eliminamos 4! Eu quero alvos! Façam seu trabalho tragam-me gente para matarmos”, é capaz de tirar o foco do espectador da mensagem principal do filme: árabes são terroristas e merecem morrer.

A operação final que culmina na alardeada morte de Osama Bin Laden é realçada com cenas do assassinato de uma de suas filhas e até de uma criança, mas nem isso se sobrepõe - ao olhar do espectador - a expressão de vitória da agente da CIA diante do cadáver de Bin Laden.

Agora penso: se alguém como eu, que não teve qualquer envolvimento emocional com as merdas acontecidas em 11/09/01, torce pela vitória dos “mocinhos”, imaginem o público norte-americano?

Nada me parece mais apropriado para gerar um sentimento pró-invasão do Irã do que isso. E a partir da notícia deste final de semana de que um iraniano radicado nos EUA há mais de 30 anos pretende concorrer nas próximas eleições presidenciais, eu perderia o sono se fosse o presidente Mahmoud Ahmadinejad ou qualquer outro iraniano.

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