A agente Maya (Jessica Chastain) de "A Hora Mais Escura" - responsável por encontrar Bin Laden - em uma cena na qual a fotografia fala por sí só |
Sei que pode parecer mais uma “Teoria da Conspiração” e, há
grande chance disso ser verdade, mas nas últimas semanas tenho me dedicado a
assistir aos principais filmes de 2012, ou seja, aqueles que estiveram na lista
dos cotados para levar um Oscar em 2013 e é impossível não prestar a atenção na
mensagem subliminar contida em todos eles: os EUA são “foda” e os inimigos de
seus ideais (seja quem for) estão destinados a desgraça e ao inferno.
Não é de hoje que os Estados Unidos investem pesado no cinema
como ferramenta de formação da opinião pública.
Nos anos 40, filmes como “O Grande Ditador”, estrelado por
Charles Chaplin (1940), além de “Sargento York” (1941), “Rosa de Esperança”
(1942) e “Air Force” (1944) todos vencedores ou indicados ao Oscar em alguma categoria,
em seus respectivos anos, são provas de como os EUA usaram o cinema para mobilizar,
emocionar ou convencer sua população sobre a importância da participar da Segunda
Guerra Mundial. Isso sem falar na animação “Los Tres Caballeros” (1944), dos
estúdios Disney estrelado pelo Pato Donald, Zé Carioca e Panchito (um galo
mexicano), que descaradamente pregava a amizade entre os países da liga
Pan-Americana, em um período que os EUA precisavam desesperadamente de aliados
capazes de abastecer suas tropas que lutavam na Europa.
E em 2013, qual a surpresa? Figuram na lista dos vencedores
ou indicados ao Oscar produções como Lincoln, Argo e A Hora Mais Escura (que
acabei de assistir). Coincidência ou não, os dois últimos abordam diferentes
momentos da luta norte-americana contra os árabes, nos quais ao final os “mocinhos”
(americanos) vencem com glória e honra. Enquanto o primeiro conta a história de
um ícone norte-americano, o presidente Abraham Lincoln que aboliu a escravatura
e venceu a guerra civil que dividiu o país.
Mas afinal de contas, de onde advém minha teoria da
conspiração?
Bin Laden: a personificação do mal pelo olhar contemporâneo do cinema dos EUA |
Simples: Em tempos nos quais a política externa e a imprensa
norte-americana fazem questão de deixar às claras o aumento da tensão com os
países do “Eixo do Mal”, no qual se inclui o Irã, produções premiadas destacam
a vitória norte-americana sobre os rrabes. Tanto em “Argo” como em “A Hora Mais
Escura” a inteligência personalizada pela CIA vencem a força bruta árabe.
No primeiro, a malícia em montar uma falsa produção
cinematográfica ajuda a libertar sete diplomatas que escaparam da embaixada
norte-americana invadida pelos revolucionários islâmicos. Apesar ser um bom
filme de suspense capaz de prender a atenção do espectador, não faltam cenas dedicadas
a mostrar os revolucionários iranianos como sádicos - que promovem enforcamentos
públicos – ou fanáticos que colocam rifles automáticos nas mãos de mulheres e
crianças.
Já em “A Hora Mais Escura” as torturas promovidas pela CIA em
campos secretos, são justificadas com a insistência e mostrar atentados
terroristas ocorridos na Europa e nos EUA durante o pós-11/09/2001.
Nem mesmo a cena que mostra a reunião de agentes com um dos diretores da CIA na qual ele dispara que: “Temos os nomes de 20 líderes. Só eliminamos 4! Eu quero alvos! Façam seu trabalho tragam-me gente para matarmos”, é capaz de tirar o foco do espectador da mensagem principal do filme: árabes são terroristas e merecem morrer.
A operação final que culmina na alardeada morte de Osama Bin
Laden é realçada com cenas do assassinato de uma de suas filhas e até de uma
criança, mas nem isso se sobrepõe - ao olhar do espectador - a expressão de
vitória da agente da CIA diante do cadáver de Bin Laden.
Agora penso: se alguém como eu, que não teve qualquer
envolvimento emocional com as merdas acontecidas em 11/09/01, torce pela
vitória dos “mocinhos”, imaginem o público norte-americano?
Nada me parece mais apropriado para gerar um sentimento
pró-invasão do Irã do que isso. E a partir da notícia deste final de semana de
que um iraniano radicado nos EUA há mais de 30 anos pretende concorrer nas
próximas eleições presidenciais, eu perderia o sono se fosse o presidente
Mahmoud Ahmadinejad ou qualquer outro iraniano.
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