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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Futebol em preto e branco

 No feriado de cara feia no qual sair de casa me pareceu a pior das alternativas, decidi sentar na frente da tevê e assistir “Todo Poderoso: O Filme – 100 anos de Timão” (BRA, 2010, Ricardo Adair e André Garolli). Ao deixar de lado as rivalidades regionais e as “birras” guardadas em minha memória futebolística e gremista, me deparei com um filme capaz de emocionar qualquer fã de futebol.

A história do Corínthians é contada com esmero desde a fundação do clube no bairro do Bom Retiro (SP) em 1910 até a Copa do Brasil de 2009 (essa uma ótima lembrança!).

Recheado de imagens do início do século XX caprichosamente editadas e costuradas com entrevistas e depoimentos de gente que escreveu a história não apenas do time, mas do futebol brasileiro, como Wladimir, Neto, Sócrates, Casagrande, Dino Sani e Ademir da Guia (ele mesmo, o Divino, maior herói do Palestra Itália) o filme conta mais do que os cem anos do Corínthians, conta também uma parte essencial do esporte mais popular do país.

Outro ponto alto do documentário é resgatar a história dos primeiros ídolos e craques corintianos e as lendas que os cercaram. É o caso de Amílcar, o primeiro corintiano a usar a camisa da Seleção Brasileira na década de 10 ou de Neco, famoso por tirar o cinto do calção (é naquele tempo os caras usavam cinta prá segurar os calções) durante um derby contra o Palmeiras na década de 20 encagaçando o juiz. E muitos outros como Baltazar, o Cabecinha de Ouro, Luizinho, Cláudio, Idário e Domingos da Guia.

A rivalidade com Palmeiras, São Paulo e Santos, também ganha destaque nos cem minutos de filme com depoimentos de adversários históricos dos alvi-negros do Parque São Jorge como Pelé, Da Guia e Raí.

Em meio a ausência de alguns depoimentos de jogadores que fizeram história com a camisa do Timão como Viola (que sequer é citado) e Rivelino (lembrado, mas não entrevistado), fica como alegoria principal depoimentos de torcedores ilustres como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jornalista Juca Kfouri e o narrador Sílvio Luiz e outros “anônimos” - fora da nação corintiana – como tia Dirce, 81 anos, que aliás dá um dos mais divertidos do filme: “Com a camisa do Corínthians ninguém me enterra. Já que vou ser cremada, me enterrem com a camisa do Palmeiras que é prá queimar tudo!”.

É a mística do futebol brasileiro em preto e branco. Valeu o feriado. 

(Abaixo, o trailler para quem quiser dar uma olhada)


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