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sexta-feira, 4 de março de 2011

A impagável Segundona Gaúcha

Veterano Magna (dir) ainda desperta emoções no Fragata

Impagável. Esta é a palavra que melhor resume a chance de assistir a um dos clássicos da Segundona. Na tarde ensolarada e ociosa da sexta-feira (3/3) fui ao estádio Nicolau Fico para ver Farroupilha (1) x (0) Bagé. Voltei para casa de alma leve (e completamente rouco).

Do pavilhão social vi o atacante Jonas – qualquer semelhança com o goleador do último Brasileirão é apenas mera coincidência – marcar um golaço logo ao primeiro minuto de jogo e, em seguida, colocar uma bola no travessão. E, foi só.

_ Isso mesmo! Bola prá cima não tem perigo de gol _, justificou um dos meus companheiros de torcida diante do festival de bagos para todos os lados.

Assistir a uma partida de futebol em um estádio acanhado como o Nicolau Fico é maravilhoso, pois distante apenas cinco metros do campo a torcida se faz ouvir por treinadores, juiz, bandeirinhas e jogadores. E aí todo o drama ganha contornos cômicos.

_ Bota correria prá cima deles Manga! _ grita um torcedor para o veterano, pesado e exausto meio campo que sofre para chegar até a bola.

_ Bebeto! Bebeto! Coloca o Boiadeiro! Coloca o Boiadeiro prá correr! _ grita outro para o treinador, que imediatamente atende e faz a alteração solicitada.

Quando os maqueiros entram em campo e, ao invés de carregarem o jogador lesionado chamam o centroavante de lado e repassam informações do treinador é impossível ficar indiferente. O mesmo acontece quando o presidente do clube da casa, desesperado com a falta de aplicação de seus jogadores lasca em alto e bom tom em meio a torcida:

_ São uns molóides! Um bando de molóides!

E logo em seguida, ainda cercado de torcedores dá um puxão de orelhas no treinador:

_ Bebeto! Bebeto! O Alfinete tem que trabalhar! O Alfinete tem que trabalhar! Ele tá parado! _ grita para o treinador, que com um gesto demonstra ter entendido o recado e instantes depois substitui o jogador.

Ao final da partida enquanto o grosso da torcida sai do estádio com uma sensação de alívio pela vitória apertada, mas merecida, o treinador – ainda no campo – interrompe a entrevista a uma rádio para cumprimentar o torcedor símbolo do time e justifica:

_ Desculpa pessoal, mas tenho que ir porque vou de carona com ele prá Rio Grande _

Sensacional!

Essa é a Segundona Gaúcha: presidente achacando o próprio time que montou, torcedor dando carona para treinador, jogo ameaçado de ser interrompido por falta de bolas, ingressos a R$ 10 e, o melhor, a torcida voltando para casa com a certeza absoluta de ter sido o 12º jogador.


Por essas e outras esse é, com toda certeza, o melhor campeonato do mundo.

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