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sábado, 25 de junho de 2011

Dinheiro público: meu dinheiro, seu dinheiro, nosso dinheiro

Imprensa não ajuda a difundir a ideia de que o
dinheiro público é de todos

Ao assistir uma edição do Conspiracy Theory apresentado pelo ex-mariner, ex-lutador de luta livre, ex-ator e ex-governador de Minessota (EUA), Jesse Ventura sobre um projeto militar norte-americano para dominar o clima, me chama atenção – como já vem chamando há anos – a consciência do povo estadunidense de perceber o dinheiro público como seu.

Ao contrário do povo brasileiro, os norte-americanos têm entranhado em seus conceitos sobre sociedade o de serem contribuintes das finanças públicas, ou seja, a grana do governo não é do governo, é do povo, afinal de contas chegou até os cofres públicos através dos impostos e taxas pagas diariamente pelos cidadãos. Esta consciência é reforçada pela imprensa norte-americana que desde os primórdios usa de modo recorrente a expressão “dinheiro dos contribuintes” ajudando a espalhar e enraizar na sociedade essa consciência positiva.

Infelizmente no Brasil isso não ocorre. Ao preferir usar termos como “recursos federais” ou “verbas estaduais” ou “dinheiro da prefeitura”, a imprensa ajuda a disseminar a falsa impressão de que cada centavo existente nos cofres governamentais tem dono e esse dono é o governo. A expressão “dinheiro público” - aquela que mais se aproxima do conceito “o dinheiro dos governos é dos cidadãos” - costuma aparecer basicamente em notícias sobre desvios, desperdícios, fraudes com o objetivo de mostrar à população como seu dinheiro é mal usado.

A partir disso a ideia que fica é: quando a grana é usada para algo bom, para uma obra que resolveu um problema ou melhorou a vida das pessoas ele pertence a prefeitura, aos governos do Estado ou Federal. Mas quando é furtado, desviado, gasto sem necessidade, pertence ao povo.

Ao atribuir a propriedade de verbas bem usadas aos governos, a mídia propagandeia ações políticas, valoriza prefeitos, governadores e presidentes e afasta o povo do papel central da história, que é o de financiador das ações estatais.

Ao fazer isso a imprensa reduz também a consciência da população de que todo centavo que entra ou sai de cofres públicos saiu de seu bolso e, consquentemente, diminui a consciência coletiva de que qualquer cidadão tem o direito de cobrar explicações sobre o uso de verbas públicas, de ser consultado sobre seu uso e, sobretudo de ser informado de modo transparente - não através de balanços gigantescos publicados só Deus sabe onde, recheados de termos incompreensíveis - sobre como é usado.

Contribuir para a evolução do senso crítico da sociedade, para a formação de uma cidadania verdadeira e participativa da vida política é um dos papeis da imprensa livre e digna.

É triste perceber que às vezes basta alterar uma ou outra palavra para conseguir atingir este objetivo, mas nem mesmo assim os chefões das redações brasileiras fazem alguma coisa, afinal de contas, até mesmo a imprensa ganha com uma população incapaz de fazer valer seus direito, afinal quem não reconhece o que é seu por direito, não questiona, não cobra, não exige e aceita acomodadamente tudo que lhe for sugerido. 

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