Intrigas de Poder é mais um bom filme sobre jornalismo |
O jornalismo pode ser
uma profissão tão apaixonante quanto odiosa, mas uma coisa é certa: uma vez “contaminado”
pelo prazer de exercer essa profissão a gente nunca mais se recupera. Uma das
constatações disso é o prazer que jornalistas têm em assistir filmes sobre
jornalistas.
Acredito haver uma
certa dose de masoquismo nisso, afinal os jornalistas da telona geralmente são
pessoas que de um modo ou outro atingem a plena realização profissional (salvo
raras exceções) ao conseguir publicar suas fantásticas histórias – geralmente grandes
reportagens investigativas que denunciam complôs políticos ou corporativos,
crimes bárbaros ou histórias comoventes sobre pessoas especiais – que de um
modo ou outro abalam a opinião pública.
Quem já deixou parte
de sua vida dentro de uma redação sabe que isso pouco tem a ver com a realidade,
especialmente no Brasil, onde as grandes reportagens investigativas começaram a
rarear a partir do final dos anos 90 e, nunca existiram longe das capitais.
Mesmo assim é um
prazer assistir a um bom filme baseado a partir do trabalho de um jornalista e
é nessa conta que deposito Intrigas de Estado (State of Play, no original, EUA/UK/FRA, 2009) dirigido por Kevin
McDonald, o filme é uma adaptação da série inglesa de mesmo nome exibida
pela BBC em 2003 e ambientada na redação do The
Herald.
Na versão para o
cinema a redação passa a ser a do Washington
Globe e o enredo trata da investigação conduzida pelo jornalista Cal McAffey
(Russell Crowe) a respeito dos assassinatos de um ladrão viciado e da assessora
de um promissor congressista, que por um acaso é seu velho e íntimo amigo. A
ligação entre os dois casos coloca o nobre “colega” no epicentro de uma
complicada trama que envolve um conglomerado de segurança que presta serviços para
o governo norte-americano.
Em meio a isso tudo
ainda há a disputa, digamos, doméstica entre o repórter especial (uma figura
jurássica no jornalismo moderno) e a blogueira do jornal Della Frye (Rachel
McAdams) mais interessada em fofocas políticas que em matérias densas e
investigativas. Como pano de fundo surgem as pressões e os interesses de quem
realmente manda na imprensa: os donos dos jornais através de seus editores
executivos, nesse caso personificados pela britânica Helen Mirren no
papel da editora Cameron Lynne.
Para quem gosta de
um bom suspense que mescla ação com intrigas políticas e investigações sinuosas,
Intrigas de Estado é uma grande pedida e, para os jornalistas de plantão, pode ser tanto uma
bela distração como uma inspiração para pensar que, talvez, seja possível tentar
fazer algo diferente no próximo expediente.
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